Plano de estudo da reaçÃo leprótica lauro de souza lima e flávio maurano do Sanatório Padre Bento



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PLANO DE ESTUDO DA REAÇÃO LEPRÓTICA

LAURO DE SOUZA LIMA
e
FL
ÁVIO MAURANO

Do Sanatório Padre Bento

Sendo a reação leprótica uma ocurrência tão frequente nos do­entes de lepra, o eritema nodoso a mais comum de suas manifestações e, provàvelmente, tôdas as outras modalidades processos patológicos idênticos em outros órgãos, causou-nos estranheza, por exemplo. PAUTRIER, MLLE. ULMO e N. P. BAUMEISTER declararem em um sin­tético estudo sôbre o eritema nodoso no decurso de diversas infecções em uma importante reunião havida no primeiro semestre de 1938 em Strasburgo, ser pobre a documentação relativa a êste síndromo na lepra. Referindo-se a JEANSELME dizem que êste autor não menciona expressamente em seu tratado magistral de lepra esta ocurrência, limi­tando-se apenas a fazer curta aluzão à possibilidade de erupções do tipo do eritema polimorfo. Para êles as observações japonesas inci­diram no mesmo êrro do caso de HALLOPEAU.

Segundo PAUTRIER se a presença de infiltrado leproso perivenoso, como nos casos de NISI e FADONI, seria o bastante para eliminar o diagnóstico de eritema nodoso, considerando as lesões como meras leprides autênticas, como então designar êste síndromo que a-pesar-de apresentar um quadro mais transbordante na riqueza de elementos, na duração e na extensão, obedece a evolução a morfologia clínica do eritema nodoso clássico?

No caso estudado por BURGOS, mencionado por PAUTRIER, a não existência das alterações da sensibilidade e mesmo a ausência de ba­cilos não falariam então a favor de um verdadeiro eritema nodoso em um doente de lepra, como se confirmou pelos exames hacterios­cópicos positivos ulteriores?

Note-se também que não são mui raros os casos em que o eri­tema nodoso precede, pelo menos aparentemente, a lepra caracterís­tica. Em certos dêstes casos observados por nós e outros colegas (1)

(1) SOUZA LIMA, L., GUIDA H. e MAURANO F. — Tifóse leprótica, Reunião

dos médicos do S.P.L., em 1939.

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tal a perturbação do estado geral que os doentes passaram por ata­cados de febre tifoide.

PAUTRIER ao citar o pequeno número das observações existentes longe estava, acreditamos, de avaliar o número enorme de casos dêste síndromo existentes em nossos leprosários e igualmente na Argentina, como no-lo faz supor a carta que o Professor FIANZA enviou ao Prof. PAUTRIER.

Entretanto assistia razão a PAUTRIER e seus colaboradores em concluir que para o momento o eritema nodoso na lepra longe estava de ter feito suas provas e que a questão subsistia integralmente.

Embora existam trabalhos que abordem satisfatòriamente a ques­tão, ainda não se fez o estudo sistemático do eritema nodoso na lepra, que ao nosso ver é a manifestação mais importante da chamada reação leprótica. Foi por isso, no intuito de nos traçar um programa de estudos a respeito é que apresentamos o seguinte plano de estudo da reação leprótica:



QUADRO CLÍNICO

ANALÍTICO



Estado geral: Perturbação ou não. Febre, pulso, dôres articulares, cefa­léia, nevralgias, modificações psíquicas, delírio, sudação, diarréia, etc. Estado prodrômico.

Manifestações cutâneas: Eritema nodoso, eritema polimorfo ou associação de ambos.

Reativação das lesões pre-existentes: nos tubérculos, nos nódulos, nas lepro­mides (1). Evolução. Sequelas. Histologia das lesões. Quais os característicos e quais as diferenças do síndromo do E.N. e E.P. da lepra com os não le­próticos? Qual a relação entre tôdas as lesões reacionais cutâneas e destas com outras extra-cutaneas?



Manifestações ganglionares: Evolução clínica, diagnóstico diferencial. His­tologia. Qual a relação entre estas e as manifestações cutâneas e outras? Manifestações viscerais, oculares e nervosas: Idem.

Exames de laboratório: Quadro hemático, urina, reserva alcalina, índice de sedimentação, Velez, etc.

Provas imnno-biológicos: Mitsuda.

QUADRO CLÍNICO

SINTÉTICO

Estado clinico sintético.

Cronologia das diversas manifestações da reação leprótica. Relação crono­lógica das diversas manifestações da reação leprótica entre si.

Tipos especiais de reação leprótica.

Recidivas.



(1) Sob esta designação englobamos todos os aspectos atípicos da pele em que haja a estrutura lepromatosa.

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ETIOPATOGENIA

Relação com o tratamento.

Relação com o emprêgo terapêutico de substância química, especial­mente os iodados.

Relação com outras substâncias.

Relação com causas alterantes (fadiga, alimentação, estados fisiológicos especiais (menstruação, gravidês, menopausa), moléstia intercurrentes, es­pecialmente, infeto-contagiosas, intoxicações, etc.).

Relação com a tuberculose.

Poderá o eritema nodoso na lepra ser atribuído a tuberculose igno­rada ou patente? Verificar fatos clínicos da presença da tuberculose em em doentes de lepra em reação,

Tuberculose, radiologia;

Tuberculose, bacteriologia (hemocult, inoculação);

Tuberculose, imuno biologia (tuberculina).

Relação da reação leprótica (esp. eritema nodoso ou estados possìvel­mente análogos) com outras moléstias existente nos leprosos que possam determinar o eritema nodoso.

Relação da reação leprótica com as alterações meteorológicas.

A paralergia na reação leprótica. (Fenômeno de Schwartzmann-Sana­relli). E. N. Epidêmico?

O eritema nodoso na lepra da infância e adolescência.



BIBLIOGRAFIA A CONSULTAR

1 — FERNANDEZ, J. M. M. — El quadro clinico de la reació n leprosa. La Se­mana Médica. Buenos Aires, 1937, n.° 20, pag. 3, 1932.

2 — FERNANDEZ, J. M. M. — La reaction lépreuse et l'érythéme noueux. Bull. Soc. Franc. Dermat. Syphil: 1938, n.° 7, pag. 1271.

3 — KLINGMÜLLER — Erythema multiforme, Die Lepra. pag. 466.

4 — MARGAROT, RIMBAUD RAVOIRE — Erythéme noueux, manifestation initiale d'une lépre tubèreuse. Bull. Soc. Franc. Dermat. Syphil. 1938, n.° 7, pag. 1225.

5 — KLINGMÜLLER — Febre leprótica. Reação leprótica. Trad. do B.S.P.L. Die Lepra, pag. 493.

6 — CASAZZA — Note clinique sur les éruptions aigues chez les lepreux parti­culierement au point de vue de l'erytheme noueux lépreux. Resume dans Anal. Dermat. et Syphil. 1929, pág. 1288.

SUMÁRIO

Dada a extrema frequência da reação leprótica, especialmente sob a ma­nifestação de eritema nodoso ao lado ou não de outros sintomas possìvelmente análogos, causou estranheza ao A. como é pobre a documentação a respeito do eritema nodoso na lepra, segundo o PROF. PAUTRIER e colaboradores. A-pesar-de haver trabalhos satisfatórios como os de FERNANDEZ, SCHUYMAN, FIDANZA e capítulo extenso em KLINGMÜLLER e outros trabalhos, parece que não foi acentuado ainda a extrema frequência desse síndromo na lepra, pelo menos entre

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nós e os argentinos. De inteiro acordo estão os autores com a afirmação de Pau-trier, de que o eritema nodoso na lepra está longe de ter feito suas provas e que a questão subsiste inteira.

E no propósito de trazer maiores esclarecimentos para a questão, os au­tores acabam de traçar um plano geral para seu estudo que será objeto de uma próxima monografia. Os autores declaram ter mesmo prazer em que todos possam contribuir, aceitando o plano, ou o fazendo independentemente.

Este plano tem em mira o estudo clínico e etiopatogenético. Quanto ao es­tudo clínico, pretendem primeiro fazer o estudo analítico de cada manifestação em particular: estado geral, manifestações cutâneas, nervosa, viscerais, orquíti­cos, oculares, e a seguir o estudo sintético, isto é, a sua evolução e aspectos.



SOMMAIRE

Dû à l'extreme fréquence de la reaction leprotique, particulièr­ment sous la manifestation de l'érythème noueux à côtée ou non d'au­tres signs (symptomes) possiblement semblabes, a causé ètonnement aux auteurs la declaration du PROF. PAUTRIER sur la pauvreté de la documentation à l'égard de l'érythème noueux. Malgré des travaux satisfaitoires comme céux de FERNANDEZ, SHUJMAN et FIDANZA et de chapitre long en KLINGMULLER et d'autres ouvrages, it semble qui n'a etê pas encore bien accentué l'extrème fréquence de ces syn­dromes dans la lépre, c'est ce qui on voit chez les brésiliens et parmi les argentina.

Les auteurs sont en plein accord avec la conclusion de Pautrier de ce que l'éryteme-noueux darts la lépre, c'est loin de faire des epreuves, et que la question reste tout entiére.

Dans le propos de rendre meilleurs eclaircissements sur cette ques­tion, les auteurs f inissent pour tracer un plan genéral pour leur étude le quel sera l'object dune prochaine monographic. Les auteurs décla­rent avoir satisfaction que toas puissent contribuer suivant le plan ou indépendemment.



Ce plan a le but de l'étude clinique et éthiopathogenétique.

Quant á l'étude clinique on prétend de premier abord faire l'é­tude analytique de chaque manifestation en particulier: Etat gené­ral manifestations cutanées, nerveuses, orchitiques, oculaires, a suivre l'étude synthétique, c'est à dire son evolution. La etiopathogenie méri­terai des etudes trés particuliers.
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