Pimes/ufpe ricardo Chaves Lima



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Fonte: elaboração própria

A estimação do quase-VAR (Tabela 3) mostra que a variável dummy, que representa a introdução dos veículos flex no Brasil, apresenta um impacto negativo no preço do etanol. Isso pode ser explicado pela nova frota produzida no Brasil em 2003, que gerou uma competição entre os mercados de gasolina e álcool. Outro argumento que pode explicar a relação negativa do preço do álcool e a variável dummy é a resposta imediata da oferta de etanol a partir do ano de 2003, que cresceu 66% até 2007. Outro resultado é que a variável dummy também afeta negativamente o preço do açúcar. Isso pode também estar ligado ao fato da resposta imediata da oferta de açúcar.



Tabela 3 - Estimação do Modelo de Vetores Autoregressivos

Equação 1 – Variável Dependente: LAC

Variáveis Explicativas

Coeficientes

Desvio Padrão

t-student

P-valor

Constante

-0,835372448

0,327943786

-2,54730

0,01085589

FLEX

-0,160772680

0,046807230

-3,43478

0,00059303

LACt-1

0,995540212

0,105538761

9,43293

0,00000000

LACt-2

-0,035946307

0,141683545

-0,25371

0,79972084

LACt-3

0,036187739

0,137430687

0,26332

0,79230681

LACt-4

0,103679326

0,134435792

0,77122

0,44057762

LACt-5

-0,164002060

0,105100673

-1,56043

0,11865871

LAHt-1

-0,033537239

0,093197524

-0,35985

0,71895843

LAHt-2

-0,289380283

0,130583243

-2,21606

0,02668740

LAHt-3

0,375011737

0,137481078

2,72773

0,00637711

LAHt-4

-0,281523898

0,136169924

-2,06745

0,03869219

LAHt-5

0,013871032

0,095218177

0,14568

0,88417693

LPETt-1

0,298962976

0,098148896

3,04601

0,00231897

LPETt-2

-0,235188697

0,134384581

-1,75012

0,08009818

LPETt-3

-0,042511868

0,135289215

-0,31423

0,75334671

LPETt-4

-0,110744277

0,135027771

-0,82016

0,41212532

LPETt-5

0,327686505

0,105679997

3,10074

0,00193036

Equação 2 – Variável Dependente: Preço do Álcool

Variáveis Explicativas

Coeficientes

Desvio Padrão

t-student

P-valor

Constante

-1,20530865

0,367398558

-3,28066

0,00103566

FLEX

-0,135721958

0,052436356

-2,58832

0,00964459

LACt-1

0,248640894

0,118231051

2,10301

0,03546503

LACt-2

-0,024535614

0,158722674

-0,15458

0,87715113

LACt-3

0,101515717

0,153958359

0,65937

0,50965740

LACt-4

-0,139775234

0,150603292

-0,92810

0,35335460

LACt-5

-0,122641370

0,117740277

-1,04163

0,29758497

LAHt-1

0,939361033

0,104405634

8,99723

0,00000000

LAHlt-2

-0,486627407

0,146287429

-3,32652

0,00087939

LAHt-3

0,324083653

0,154014811

2,10424

0,03535778

LAHt-4

-0,140274844

0,152545974

-0,91956

0,35780387

LAHt-5

-0,015167049

0,106669294

-0,14219

0,88693184

LPETt-1

0,030228099

0,110018459

0,27475

0,78350463

LPETt-2

-0,087742853

0,150645511

-0,58245

0,56026641

LPETt-3

-0,054585798

0,151659106

-0,35992

0,71890374

LPETt-4

-0,098163445

0,151365472

-0,64852

0,51664907

LPETt-5

0,419717884

0,118446928

3,54351

0,00039484

Equação 3 – Variável Dependente: Preço do Petróleo

Variáveis Explicativas

Coeficientes

Desvio Padrão

t-student

P-valor

Constante

0,208566606

0,087958249

2,37120

0,01773043

LPETt-1

1,026638002

0,098864874

1,03843

0,00000000

LPETt-2

-0,153308763

0,142114691

-1,07877

0,28069122

LPETt-3

0,095879267

0,142711844

0,67184

0,50168671

LPETt-4

-0,065676229

0,142037982

-0,46238

0,64380527

LPETt-5

0,053627515

0,095886796

0,55928

0,57597101

Fonte: Elaboração própria

A decomposição da variância do erro de previsão para as variáveis preço do etanol, preço do açúcar e preço do petróleo é mostrada na Tabela 4. A primeira coluna representa um choque nas variáveis dependentes. No 8° mês, a variação do preço do etanol é explicada por seus valores passados em 63%, apontando nesse horizonte de previsão, uma trajetória autoregressiva. Além disso, nesse mesmo período, o preço do açúcar e o preço do petróleo explicam 20,4% e 17% da variância do erro de previsão do preço do etanol. No 16º período, no entanto, o preço do petróleo torna-se predominante na explicação da variação do preço do etanol, com aproximadamente 57% da variância, e o preço do açúcar explica 10% da variância do erro de previsão do etanol. Com esse resultado, o preço do etanol varia, principalmente, devido a fatores inerentes ao próprio mercado, sendo influenciado, em menor proporção, pelo preço do açúcar. Porém, em horizontes mais longos, ele é influenciado por forças exógenas, representadas pelo preço do petróleo.

Para o preço do açúcar, no primeiro mês a influência da variação é também explicada pela trajetória autoregressiva 84%, seguido do preço do açúcar com 15%. Entretanto, no 24º mês, a variância do preço do açúcar passa a ser influenciada pelo preço do petróleo com 61%. Após o 8º mês, a preponderância da explicação das variações do preço do açúcar passa a ser atribuída ao preço do petróleo. Isso sugere que nos primeiros horizontes de previsão, a variância do erro de previsão do preço de açúcar é explicada por características do mercado açucareiro, sendo este também influenciado pelo preço do etanol, em menores proporções. A redução da influência no preço do álcool pode ser explicada pela resposta imediata da oferta ao aumento do preço do açúcar.

No preço do petróleo, a variância desta commodity é fortemente explicada pela sua trajetória autoregressiva, indicando que esta variável exerce influencia sobre os preços do mercado sucroalcooleiro, mas não é influenciada pelo preço destes mercados. O resultado corrobora com o teste de causalidade de Granger, o qual indica que a variável do preço do petróleo é exógena.



Tabela 4 - Decomposição da Variância das Variáveis Selecionadas

 

Mês

LAH

LAC

LPET

LAH

1

100

0

0

4

84,686

15,218

0,096

8

63,428

20,382

16,19

12

40,35

11,994

47,657

16

33,981

10,25

55,769

20

32,722

9,986

57,291

24

31,504

9,726

58,77

LAC

1

15,327

84,673

0

4

6,855

83,144

10,002

8

8,427

65,815

25,758

12

9,577

42,834

47,589

16

8,393

35,691

55,916

20

7,699

33,487

58,815

24

7,311

31,628

61,06

LPET

1

0,445

0,7

98,855

4

0,445

0,7

98,855

8

0,445

0,7

98,855

12

0,445

0,7

98,855

16

0,445

0,7

98,855

20

0,445

0,7

98,855




24

0,445

0,7

98,855

Fonte: Elaboração própria

A decomposição da variância para o mercado doméstico sucroalcooleiro mostrou que, nos primeiros períodos de análise, as influências das variações no preço do açúcar e álcool são determinadas pelos próprios preços domésticos. Entretanto, nesse mesmo período, o preço de açúcar possui maior influência sobre o preço do etanol do que vice versa, mostrando a preferência do produtor pelo mercado de açúcar e indicando que a demanda crescente por biocombustíveis, refletida pelo aumento do preço do etanol, possui pouca influência na variação do preço do açúcar. Nos meses posteriores, o mercado sucroalcooleiro torna-se mais suscetível a variações do preço do petróleo.

Para examinar com mais propriedade a relação entre os preços das commodities estudadas, é necessário analisar a função impulso resposta. Nota-se na Figura 4, que um choque de um desvio padrão no resíduo do preço do etanol, causa uma variação positiva de quase 0,5 desvios padrões no preço do açúcar, indicando o efeito de substituição entre açúcar e álcool. Isso pode sugerir que, quando o preço do álcool aumenta, uma maior proporção de cana-de-açúcar é destinada para produção de álcool, fazendo com que o preço do açúcar aumente nos períodos iniciais, devido à redução da oferta de açúcar. O aumento do preço do açúcar incentiva a produção de açúcar no mercado, contribuindo para a queda do preço do açúcar, até alcançar a estabilidade no 13º mês. Por último, o impacto de um desvio padrão do preço do álcool no petróleo é nulo.

A Figura 5 mostra a dinâmica dos preços do etanol e do petróleo quando ocorre um choque no preço do açúcar. A Figura mostra que um choque de um desvio padrão no preço do açúcar induz um aumento de aproximadamente 0,2 desvios padrões no preço do álcool. Porém, essa mudança ocorre no primeiro período após o choque, visto que o preço do açúcar não tem nenhum impacto contemporâneo no preço do álcool. O que se percebe também, é que quando ocorre o aumento no preço do açúcar, a resposta do mercado de álcool é de aumento de preço, até o 4º mês, onde o preço do etanol começa a crescer a taxas decrescentes, até alcançar a estabilidade. O resultado sugere que quando ocorre um aumento no preço do açúcar, o mercado de álcool responde com aumento da oferta mais lento com relação ao ocorrido na análise anterior, na qual o aumento no preço do açúcar, causado pelo choque no preço do álcool, é respondido mais rapidamente pela oferta.

Na Figura 6, o choque de um desvio padrão no preço do petróleo resulta em uma variação quase nula no preço do etanol e uma variação de 0,4 desvios padrão no preço do açúcar. No 4º mês, todavia, os preços de açúcar e álcool variam positivamente e se estabilizam em, aproximadamente, 0,4 e 0,6 desvios padrões, a partir do 14ª mês. Este resultado condiz com o que foi visto na decomposição da variância, na qual o preço do petróleo tem uma influência dominante do mercado sucroalcooleiro após vários períodos subseqüentes ao choque. Esse resultado sugere que o preço do petróleo pode não afetar os mercados de açúcar e álcool através da demanda por biocombustíveis no início do período após o choque.

Figura 4: Função Impulso Resposta Representando o Choque no Preço do Etanol nas Demais Variáveis

Fonte: Elaboração própria

Figura 5: Função Impulso Resposta Representando o Choque no Preço do Açúcar nas Demais Variáveis.

Fonte: Elaboração própria

Figura 6: Função Impulso Resposta Representando o Choque no Preço do Petróleo nas Demais Variáveis

Fonte: Elaboração própria


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