Fonte: elaboração própria
A estimação do quase-VAR (Tabela 3) mostra que a variável dummy, que representa a introdução dos veículos flex no Brasil, apresenta um impacto negativo no preço do etanol. Isso pode ser explicado pela nova frota produzida no Brasil em 2003, que gerou uma competição entre os mercados de gasolina e álcool. Outro argumento que pode explicar a relação negativa do preço do álcool e a variável dummy é a resposta imediata da oferta de etanol a partir do ano de 2003, que cresceu 66% até 2007. Outro resultado é que a variável dummy também afeta negativamente o preço do açúcar. Isso pode também estar ligado ao fato da resposta imediata da oferta de açúcar.
Tabela 3 - Estimação do Modelo de Vetores Autoregressivos
Equação 1 – Variável Dependente: LAC
|
Variáveis Explicativas
|
Coeficientes
|
Desvio Padrão
|
t-student
|
P-valor
|
Constante
|
-0,835372448
|
0,327943786
|
-2,54730
|
0,01085589
|
FLEX
|
-0,160772680
|
0,046807230
|
-3,43478
|
0,00059303
|
LACt-1
|
0,995540212
|
0,105538761
|
9,43293
|
0,00000000
|
LACt-2
|
-0,035946307
|
0,141683545
|
-0,25371
|
0,79972084
|
LACt-3
|
0,036187739
|
0,137430687
|
0,26332
|
0,79230681
|
LACt-4
|
0,103679326
|
0,134435792
|
0,77122
|
0,44057762
|
LACt-5
|
-0,164002060
|
0,105100673
|
-1,56043
|
0,11865871
|
LAHt-1
|
-0,033537239
|
0,093197524
|
-0,35985
|
0,71895843
|
LAHt-2
|
-0,289380283
|
0,130583243
|
-2,21606
|
0,02668740
|
LAHt-3
|
0,375011737
|
0,137481078
|
2,72773
|
0,00637711
|
LAHt-4
|
-0,281523898
|
0,136169924
|
-2,06745
|
0,03869219
|
LAHt-5
|
0,013871032
|
0,095218177
|
0,14568
|
0,88417693
|
LPETt-1
|
0,298962976
|
0,098148896
|
3,04601
|
0,00231897
|
LPETt-2
|
-0,235188697
|
0,134384581
|
-1,75012
|
0,08009818
|
LPETt-3
|
-0,042511868
|
0,135289215
|
-0,31423
|
0,75334671
|
LPETt-4
|
-0,110744277
|
0,135027771
|
-0,82016
|
0,41212532
|
LPETt-5
|
0,327686505
|
0,105679997
|
3,10074
|
0,00193036
|
Equação 2 – Variável Dependente: Preço do Álcool
|
Variáveis Explicativas
|
Coeficientes
|
Desvio Padrão
|
t-student
|
P-valor
|
Constante
|
-1,20530865
|
0,367398558
|
-3,28066
|
0,00103566
|
FLEX
|
-0,135721958
|
0,052436356
|
-2,58832
|
0,00964459
|
LACt-1
|
0,248640894
|
0,118231051
|
2,10301
|
0,03546503
|
LACt-2
|
-0,024535614
|
0,158722674
|
-0,15458
|
0,87715113
|
LACt-3
|
0,101515717
|
0,153958359
|
0,65937
|
0,50965740
|
LACt-4
|
-0,139775234
|
0,150603292
|
-0,92810
|
0,35335460
|
LACt-5
|
-0,122641370
|
0,117740277
|
-1,04163
|
0,29758497
|
LAHt-1
|
0,939361033
|
0,104405634
|
8,99723
|
0,00000000
|
LAHlt-2
|
-0,486627407
|
0,146287429
|
-3,32652
|
0,00087939
|
LAHt-3
|
0,324083653
|
0,154014811
|
2,10424
|
0,03535778
|
LAHt-4
|
-0,140274844
|
0,152545974
|
-0,91956
|
0,35780387
|
LAHt-5
|
-0,015167049
|
0,106669294
|
-0,14219
|
0,88693184
|
LPETt-1
|
0,030228099
|
0,110018459
|
0,27475
|
0,78350463
|
LPETt-2
|
-0,087742853
|
0,150645511
|
-0,58245
|
0,56026641
|
LPETt-3
|
-0,054585798
|
0,151659106
|
-0,35992
|
0,71890374
|
LPETt-4
|
-0,098163445
|
0,151365472
|
-0,64852
|
0,51664907
|
LPETt-5
|
0,419717884
|
0,118446928
|
3,54351
|
0,00039484
|
Equação 3 – Variável Dependente: Preço do Petróleo
|
Variáveis Explicativas
|
Coeficientes
|
Desvio Padrão
|
t-student
|
P-valor
|
Constante
|
0,208566606
|
0,087958249
|
2,37120
|
0,01773043
|
LPETt-1
|
1,026638002
|
0,098864874
|
1,03843
|
0,00000000
|
LPETt-2
|
-0,153308763
|
0,142114691
|
-1,07877
|
0,28069122
|
LPETt-3
|
0,095879267
|
0,142711844
|
0,67184
|
0,50168671
|
LPETt-4
|
-0,065676229
|
0,142037982
|
-0,46238
|
0,64380527
|
LPETt-5
|
0,053627515
|
0,095886796
|
0,55928
|
0,57597101
|
Fonte: Elaboração própria
A decomposição da variância do erro de previsão para as variáveis preço do etanol, preço do açúcar e preço do petróleo é mostrada na Tabela 4. A primeira coluna representa um choque nas variáveis dependentes. No 8° mês, a variação do preço do etanol é explicada por seus valores passados em 63%, apontando nesse horizonte de previsão, uma trajetória autoregressiva. Além disso, nesse mesmo período, o preço do açúcar e o preço do petróleo explicam 20,4% e 17% da variância do erro de previsão do preço do etanol. No 16º período, no entanto, o preço do petróleo torna-se predominante na explicação da variação do preço do etanol, com aproximadamente 57% da variância, e o preço do açúcar explica 10% da variância do erro de previsão do etanol. Com esse resultado, o preço do etanol varia, principalmente, devido a fatores inerentes ao próprio mercado, sendo influenciado, em menor proporção, pelo preço do açúcar. Porém, em horizontes mais longos, ele é influenciado por forças exógenas, representadas pelo preço do petróleo.
Para o preço do açúcar, no primeiro mês a influência da variação é também explicada pela trajetória autoregressiva 84%, seguido do preço do açúcar com 15%. Entretanto, no 24º mês, a variância do preço do açúcar passa a ser influenciada pelo preço do petróleo com 61%. Após o 8º mês, a preponderância da explicação das variações do preço do açúcar passa a ser atribuída ao preço do petróleo. Isso sugere que nos primeiros horizontes de previsão, a variância do erro de previsão do preço de açúcar é explicada por características do mercado açucareiro, sendo este também influenciado pelo preço do etanol, em menores proporções. A redução da influência no preço do álcool pode ser explicada pela resposta imediata da oferta ao aumento do preço do açúcar.
No preço do petróleo, a variância desta commodity é fortemente explicada pela sua trajetória autoregressiva, indicando que esta variável exerce influencia sobre os preços do mercado sucroalcooleiro, mas não é influenciada pelo preço destes mercados. O resultado corrobora com o teste de causalidade de Granger, o qual indica que a variável do preço do petróleo é exógena.
Tabela 4 - Decomposição da Variância das Variáveis Selecionadas
|
Mês
|
LAH
|
LAC
|
LPET
|
LAH
|
1
|
100
|
0
|
0
|
4
|
84,686
|
15,218
|
0,096
|
8
|
63,428
|
20,382
|
16,19
|
12
|
40,35
|
11,994
|
47,657
|
16
|
33,981
|
10,25
|
55,769
|
20
|
32,722
|
9,986
|
57,291
|
24
|
31,504
|
9,726
|
58,77
|
LAC
|
1
|
15,327
|
84,673
|
0
|
4
|
6,855
|
83,144
|
10,002
|
8
|
8,427
|
65,815
|
25,758
|
12
|
9,577
|
42,834
|
47,589
|
16
|
8,393
|
35,691
|
55,916
|
20
|
7,699
|
33,487
|
58,815
|
24
|
7,311
|
31,628
|
61,06
|
LPET
|
1
|
0,445
|
0,7
|
98,855
|
4
|
0,445
|
0,7
|
98,855
|
8
|
0,445
|
0,7
|
98,855
|
12
|
0,445
|
0,7
|
98,855
|
16
|
0,445
|
0,7
|
98,855
|
20
|
0,445
|
0,7
|
98,855
|
|
24
|
0,445
|
0,7
|
98,855
|
Fonte: Elaboração própria
A decomposição da variância para o mercado doméstico sucroalcooleiro mostrou que, nos primeiros períodos de análise, as influências das variações no preço do açúcar e álcool são determinadas pelos próprios preços domésticos. Entretanto, nesse mesmo período, o preço de açúcar possui maior influência sobre o preço do etanol do que vice versa, mostrando a preferência do produtor pelo mercado de açúcar e indicando que a demanda crescente por biocombustíveis, refletida pelo aumento do preço do etanol, possui pouca influência na variação do preço do açúcar. Nos meses posteriores, o mercado sucroalcooleiro torna-se mais suscetível a variações do preço do petróleo.
Para examinar com mais propriedade a relação entre os preços das commodities estudadas, é necessário analisar a função impulso resposta. Nota-se na Figura 4, que um choque de um desvio padrão no resíduo do preço do etanol, causa uma variação positiva de quase 0,5 desvios padrões no preço do açúcar, indicando o efeito de substituição entre açúcar e álcool. Isso pode sugerir que, quando o preço do álcool aumenta, uma maior proporção de cana-de-açúcar é destinada para produção de álcool, fazendo com que o preço do açúcar aumente nos períodos iniciais, devido à redução da oferta de açúcar. O aumento do preço do açúcar incentiva a produção de açúcar no mercado, contribuindo para a queda do preço do açúcar, até alcançar a estabilidade no 13º mês. Por último, o impacto de um desvio padrão do preço do álcool no petróleo é nulo.
A Figura 5 mostra a dinâmica dos preços do etanol e do petróleo quando ocorre um choque no preço do açúcar. A Figura mostra que um choque de um desvio padrão no preço do açúcar induz um aumento de aproximadamente 0,2 desvios padrões no preço do álcool. Porém, essa mudança ocorre no primeiro período após o choque, visto que o preço do açúcar não tem nenhum impacto contemporâneo no preço do álcool. O que se percebe também, é que quando ocorre o aumento no preço do açúcar, a resposta do mercado de álcool é de aumento de preço, até o 4º mês, onde o preço do etanol começa a crescer a taxas decrescentes, até alcançar a estabilidade. O resultado sugere que quando ocorre um aumento no preço do açúcar, o mercado de álcool responde com aumento da oferta mais lento com relação ao ocorrido na análise anterior, na qual o aumento no preço do açúcar, causado pelo choque no preço do álcool, é respondido mais rapidamente pela oferta.
Na Figura 6, o choque de um desvio padrão no preço do petróleo resulta em uma variação quase nula no preço do etanol e uma variação de 0,4 desvios padrão no preço do açúcar. No 4º mês, todavia, os preços de açúcar e álcool variam positivamente e se estabilizam em, aproximadamente, 0,4 e 0,6 desvios padrões, a partir do 14ª mês. Este resultado condiz com o que foi visto na decomposição da variância, na qual o preço do petróleo tem uma influência dominante do mercado sucroalcooleiro após vários períodos subseqüentes ao choque. Esse resultado sugere que o preço do petróleo pode não afetar os mercados de açúcar e álcool através da demanda por biocombustíveis no início do período após o choque.
Figura 4: Função Impulso Resposta Representando o Choque no Preço do Etanol nas Demais Variáveis
Fonte: Elaboração própria
Figura 5: Função Impulso Resposta Representando o Choque no Preço do Açúcar nas Demais Variáveis.
Fonte: Elaboração própria
Figura 6: Função Impulso Resposta Representando o Choque no Preço do Petróleo nas Demais Variáveis
Fonte: Elaboração própria
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