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Desafios e Caminhos da Pesquisa e Inovação no Setor Sucroenergético no Brasil
 
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Este capítulo descreveu o perfil do financiamento à pesquisa tecnológica para a 
agroindústria canavieira entre 1999 e 2012, período marcado pelo fortalecimento 
do financiamento à P&D dentro dos fundos setoriais do MCTI, o principal instru-
mento dessa natureza no Brasil. Foram levantados desafios de pesquisa, segundo a 
literatura, e também identificadas as principais instituições de pesquisa na área. Fez-se 
a caracterização dos projetos e ações destacando-se o perfil do porte, distribuição 
regional, temas pesquisados e instituições participantes. De forma complementar 
e breve, tratou-se do perfil do Paiss Agroindustrial e do programa de P&D da 
Aneel identificando-se, neste último, os projetos ligados à área sucroenergética.
A maioria dos projetos analisados dentro dos fundos setoriais se concentra na 
etapa agrícola, dado que a cana é o principal componente de custo e lócus central 
dos desafios do setor. Entre os destaques estão: i) contratados, de 1999 a 2012, 
379 projetos, presentes em catorze dos dezessete fundos e ações do FNDCT; 
ii) dos R$ 156,75 milhões desembolsados para os 379 projetos da área (corrigidos 
pelo INPC, ano-base 2011), 24,60% foram destinados à criação ou ampliação de 
infraestruturas, 38,85% para pesquisa tecnológica de processos e equipamentos 
industriais e 14,76% para a etapa agrícola; iii) os recursos totais, além de terem 
relativamente baixo porte (178 projetos com valores abaixo de R$ 100 mil), são 
concentrados, em valores, uma vez que 10% dos projetos receberam 63,54% dos 
recursos, sendo o restante pulverizado nos demais 90% (309 projetos); iv) é baixo 
a porcentagem de desembolso para a área sucroenergética, de 49,25%, ante a 
média geral do FNDCT, de 70,7% ou do CT-Energia (de 82,845%); v) é baixa a 
participação de firmas na condição de interveniente/cofinanciadora (36 empresas 
e cinquenta projetos, destacando-se a Petrobras e a Embrapa); vi) ressalvados o 
pequeno porte, observou-se que os temas emergentes e os desafios de P&D estão 
presentes nos projetos, a partir de 2001, exceto estudos sobre ganho de rendimento 
automobilístico com o etanol. 
A breve descrição do Paiss (financiamento de desenvolvimento produtivo e 
de temas de P&D estratégicos na agroindústria canavieira) aponta diferenças de 
concepção, porte e foco em relação aos fundos do FNDCT, cuja análise poderá 
ser realizada alguns anos após implantação. O Paiss conta com valores maiores, 
nos 25 projetos da sua etapa industrial. Conceitualmente, aproxima-se do formato 
de apoio à P&D praticada por países líderes em situações de incerteza, risco de 
mercado e expectativa de grande impacto. Uma parte atrativa dessa iniciativa, do 
ponto de vista do apoio às empresas, é a captação de recursos para o desenvolvimento 
e inovação, a taxas reduzidas (3% a.a.), bem como a subvenção que se aplica à 
componente de pesquisa nos planos de negócios aprovados. 

Quarenta Anos de Etanol em Larga Escala no Brasil: desafios, crises e perspectivas
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A também rápida abordagem dos projetos do Programa de P&D da Aneel, 
cadastrados entre 2008 e 2013, identificou apenas nove deles na área energética 
da cana-de-açúcar. As propostas são relevantes em termos de valores, somando R$ 
48,172 milhões, média de R$ 5,363 milhões/projeto, quase treze vezes maior que 
o valor médio contratado nos fundos setoriais neste tema. Essa iniciativa pode ser 
interessante se integrada tecnicamente ao FNDCT. Isso pode ocorrer, por exemplo, 
a partir da interlocução entre as estruturas deliberativas dos fundos, no sentido 
de coordenar ações de qualificação das linhas e projetos a apoiar, bem como da 
atenção a temas prioritários e de alto custo de pesquisa, devendo-se antes resolver 
impeditivos e travas da regulação.
Um importante passo estruturante é a definição clara de medidas, linhas e 
valores de fomento aos projetos de médio e de longo prazo. Idealmente é indicada 
a opção de apoio às pesquisas por tipo de gargalo tecnológico ou econômico, de 
forma contínua e somando-se esforços dos três programas destacados. Podem ser 
adotadas, por exemplo, medidas de: i) definição de orçamento contínuo para apoio 
aos projetos, com programação anual, trienal e por tema, seguindo-se o que se 
pratica nos países líderes em P&D e inovação; ii) reestruturação do financiamento, 
com parcela específica para biomassa energética dentro de um sistema de inovação 
setorial em energias renováveis; e iii) elevação do porte dos recursos/projetos e 
apoio à pesquisa em redes temáticas.
Tendo-se em conta a trajetória de descontinuidade no apoio à pesquisa dentro 
dos fundos setoriais, é importante ressaltar que os recursos para ações como o 
Paiss e o FNDCT não podem ser concorrentes entre si. Ao contrário, devem ser 
ampliados, inclusive pela relação intrínseca que há entre as estruturas de P&D nas 
universidades. Caso o Brasil venha aspirar ao desenvolvimento de tecnologias e 
de sua indústria de insumos tecnológicos e bens de capital nessa área e correlatas, 
reforça-se a tese de necessidade de porte maior do financiamento da pesquisa e 
atração de mais indústrias. 
São também relevantes a organização, ampla integração e difusão de 
dados e iniciativas de pesquisa por parte do MCTI
 
e demais instituições 
federais e estaduais de pesquisa. Tal medida facilitaria parcerias, permitiria 
estudos sobre uma base de dados ampla, idealmente centralizada no MCTI, 
com todas as iniciativas de apoio à P&D no Brasil, periodicamente atualizadas 
e com amplo acesso a pesquisadores. O acompanhamento dos projetos e da 

Desafios e Caminhos da Pesquisa e Inovação no Setor Sucroenergético no Brasil
 
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interação entre firmas e centros de pesquisa contribuiria para elevar a outro 
patamar a P&D e a inovação no país.
REFERÊNCIAS
ABARCA, C. Inovações tecnológicas na agroindústria da cana-de-açúcar 
no Brasil
. Repositório Embrapa/CNPTIA. Embrapa: 1999. Disponível em: 

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