Ocorrente e recombinante, empregando


  LINHAGEM RECOMBINANTE DE Zymomonas mobilis



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5.2.  LINHAGEM RECOMBINANTE DE Zymomonas mobilis  
Devido  ao  limitado  espectro  de  açúcares  fermentáveis  pela  bactéria  Z. 
mobilis  nativa,  buscamos  pela  construção  de  uma  linhagem  recombinante 
deste  microrganismo,  através  da  incorporação  de  genes  responsáveis  pela 
metabolização  da  xilose,  açúcar  mais  abundante  da  fração  hemicelulósica  do 
bagaço de cana-de-açúcar.     
5.2.1. Etapa pós-transformação  
Após  a  alteração  genética  do  microrganismo  Z.  mobilis  notou-se  que  o 
mesmo  apresentou  crescimento  em  glicose  (20  g/L)  adicionada  ao  meio  RM, 
incluindo 10 mg/L de tetraciclina, conforme se observa na figura 5.18.  

linhagem 
naturalmente 
ocorrente 
apresentou 
crescimento 
praticamente  nulo,  diferentemente  das  linhagens  geneticamente  modificadas, 
ORI  e  ORI  ZYMO,  que  apresentaram  crescimento  de  diversas  colônias, 
mostrando  estarem  devidamente  transformadas  para  a  resistência  à 
tetraciclina.  Uma  vez  que  o  gene  de  resistência  ao  antibiótico  está  associado 
ao  gene  de  metabolização  da  xilose,  a  linhagem  ORI  ZYMO  aparentemente 
também  seria  modificada  de  forma  simultânea,  conforme  observado  nos 
próximos experimentos.  
 
Figura 5.18. Crescimento de diferentes linhagens de Z. mobilis após 168 h de 
crescimento  frente  à  utilização  de  meio  RMG,  contendo  glicose  (20  g/L), 
KH
2
PO
4
  (2  g/L),  extrato  de  levedura  (10  g/L),  ágar  (20  g/L)  e  tetraciclina  (10 
mg/L), na temperatura de 30

C. (A) Z. mobilis naturalmente ocorrente(B) ORI
bactéria  cujo  plasmídeo  contém  apenas  o  gene  de  resistência  ao  antibiótico
(C)  ORI  ZYMO:  bactéria  cujo  plasmídeo  contém  o  gene  de  resistência  ao 
antibiótico, assim como o gene da metabolização de xilose.  

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
150     
5.2.2.  Adaptação Metabólica em meio sintético 
Yanase  et  al.  (2007)  já  haviam  afirmado  sobre  a  necessidade  de 
aclimatações sucessivas na espécie recombinante Zymobarcter palmae no que 
se refere a maiores rendimentos em etanol. Após tal procedimento, os autores 
obtiveram  aumento  de  91%  a  95%  na  eficiência  da  produção  de  etanol,  bem 
como redução de 5 a 8 horas de processo, quando as células eram  crescidas 
em  xilose.  Contudo,  utilizando  misturas  de  glicose  e  xilose,  os  resultados  não 
apresentaram alterações significativas. Visando otimizar a metabolização desta 
pentose,  buscando  pela  redução  da  produção  de  xilitol,  Zhang  et  al.  (2002)  e 
Viitanem  et  al.  (2008)  constataram  que  as  linhagens  de  Zymomonas  mobilis
transformadas geneticamente,  necessitam de um processo de  adaptação para 
posterior conversão da pentose. 
A produção de 90 g/L de etanol, alcançada por Agrawal  et al. (2011) foi 
obtida após a aplicação do processo de adaptação metabólicadurante 80 dias, 
através de 30 ciclos de aclimatações. As primeiras colônias foram crescidas no 
meio  RMGX  e,  posteriormente,  os autores realizaram  um  aumento  gradual da 
concentração  da  pentose.  Posteriormente,  as  culturas  selecionadas 
apresentaram maiores valores de atividade da enzima xilose isomerase, a qual 
promoveu  maior conversão a etanol e menor produção de xilitol pela pentose; 
todavia,  a  atividade  de  XI  ainda  se  apresentou  baixa  quando  comparada  às 
outras  três  enzimas,  XK,  TAL,  TKL.  Adicionalmente,  as  colônias  adaptadas  e 
as originais foram sequenciadas, porém nenhuma diferença genética pôde ser 
comprovada. Os autores relataram sobre uma possível mutação envolvendo a 
transcrição  de  XI  das  duas  culturas.  No  entanto,  tal  fato  não  foi  confirmado 
através da técnica de SDS-PAGE, devido aos baixos níveis enzimáticos.  
Dessa  forma,  os  primeiros  ciclos  adaptativos  desenvolvidos  no  presente 
trabalho  continham  glicose  em  altas  concentrações  e  baixas  concentrações  de 
xilose;  na  medida  em  que  os  repiques  eram  realizados,  as  concentrações  de 
glicose  eram  reduzidas  e  as  de  xilose  eram  elevadas  (Tabela  5.16).  Conforme 
relatado  anteriormente,  imediatamente  após  a  transformação  genética,  o 
microrganismo  apresentava  crescimento  lento,  em  cerca  de  170  horas,  quando 
comparado com os resultados desenvolvidos pela linhagem nativa,  que cresciam 

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
151     
e  fermentavam  em  até  48  horas.  Após  o  20
o
  ciclo  de  repiques,  o  tempo  de 
crescimento bacteriano  reduziu para cerca de 72 horas, aumentando lentamente 
o consumo de xilose e acelerando o crescimento celular.  
Tabela  5.16.  Processo  de  adaptação  metabólica  mediante  50  ciclos,  variando 
as concentrações de glicose e xilose em meio sintético. 
Ciclos 
Tempo 
(Dias) 
Glicose inicial 
(g/L) 
Xilose inicial 
(g/L) 
Etanol* 
(g/L) 
Biomassa* 
(g/L) 
1-10 
70 
15 

2,3 
0,05 
11-19 
30 
10 
10 
4,1 
0,08 
20-25 
20 
7,5 
13,5 
3,9 
0,100 
26-30 
15 

15 
4,6 
0,166 
31-40 
15 
2,5 
17,5 
4,1 
0,159 
41-50 
10 
1,5 
18,5 
4,2 
0,158 
*Ao final do último ciclo. 
A fase exponencial celular se estendeu após o 25
o
 ciclo, atingindo 0,17 g/L 
em cerca de 70 horas, nas concentrações de 15 g/L de xilose e 5 g/L de glicose, 
adicionados do meio RM líquido. Por outro lado, as culturas dos primeiros ciclos 
adaptativos  atingiram  valores  de  0,05  g/L  de  células,  durante  96  horas,  nas 
mesmas  condições  de  processo,  adicionadas  de  15  g/L  de  glicose  e  5  g/L  de 
xilose,  concentrações  favoráveis  ao  crescimento.  Portanto,  apesar  de  serem 
necessárias  melhorias  na  fermentação  por  Zymomonas  mobilis  geneticamente 
modificada,  o  tempo  de  fermentação,  assim  como  a  tolerância  à  pentose  foram 
alterados.  
Adicionalmente,  a  tabela  5.17  compara  as  variáveis  de  resposta  deste 
processo,  avaliando  diferentes  etapas  da  adaptação  metabólica  em  meio 
sintético.  Através  destes  cálculos  foi  confirmado  que  essa  técnica  tende  a 
promover  melhores  resultados  de  crescimento  bacteriano,  produção  de  etanol  e 
produtividade  volumétrica,  indicando  que  as  colônias  adaptadas  (ciclo  40  a  50) 
obtiveram  em  torno  de  duas  vezes  os  valores  alcançado  nos  primeiros  ciclos  (1 
ao  10),  em  0,05 g/L e  0,158 g/L de  crescimento  bacteriano;  2,3  g/L  e  4,2  g/L  de 
produção  de  etanol;  assim  como  0,02  g/L.h  e  0,04  g/L.h  de  produtividade 
volumétrica  para  as  colônias  dos  ciclos  1  a  10  e  dos  ciclos  40  a  50, 
respectivamente.  

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
152     
Tabela 5.17. Comparação das variáveis de resposta entre diferentes etapas de 
adaptação metabólica.  
Variáveis medidas e calculadas 
Ciclo 1-10  Ciclo 40- 50 
Etanol (g/L)* 
2,3 
4,2 
Células (g/L)* 
0,05 
0,158 
Produtividade (g/L.h)* 
0,02 
0,04 
*Ao final do último ciclo 
A  figura  5.19  sumariza  o  processo  de  adaptação  metabólica  em  meio 
sintético,  indicando  que  as  colônias  de  Z.  mobilis  recombinante  aumentaram  os 
níveis  de  produção  de  etanol  nos  ciclos  iniciais  (1-30),  porém  mantiveram  tais 
níveis  nos  ciclos  posteriores  (31-50).  Entretanto,  cabe  ressaltar  que  a  técnica 
aplicada  nesta  linhagem  necessita  de  adaptações  posteriores,  no  intuito  de 
reduzir  integralmente  as  concentrações  de  glicose  e  aumentar  a  de  xilose, 
reduzindo  o  tempo  de  crescimento  e  de  fermentação  do  microrganismo  em 
questão.  
 
Figura  5.19.  Histograma  representando  os  50  ciclos  de  adaptação  metabólica, 
empregando a linhagem recombinante de Z. mobilis em meio sintético. 

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
153     
5.2.3.  Ensaios preliminares avaliando o consumo de glicose e xilose em 
meio sintético por Z. mobilis geneticamente modificada 
I.  Planejamento Experimental 
O  intuito  desta  série  experimental  foi  promover  maior  crescimento  de 
biomassa,  portanto,  os  experimentos  foram  desenvolvidos  em  cultivo 
estacionário  (sem  agitação),  assim  como  em  baixas  concentrações  de 
substrato.  Dessa  forma,  foi  desenvolvido  um  planejamento  experimental  de 
superfície  de  resposta  avaliando  a  produção  de  etanol  e  o  crescimento  de 
biomassa frente ao consumo de glicose e xilose em diferentes concentrações. 
Os  ensaios  foram  realizados  após  a  execução  de  10  ciclos  de  adaptação 
metabólica e os resultados estão apresentados na tabela 5.18. Adicionalmente, 
a  tabela  5.19  indica  outras  condições  empregadas  de  concentrações  destes 
açúcares, baseados nos estudos de Agrawal et al. (2011).  
Aparentemente,  nota-se  que  tal  microrganismo  utiliza  os  açúcares,  em 
sua  maior  proporção  para  o  crescimento  celular,  atingindo  0,180  g/L.  A  maior 
produção de etanol (7,5 g/L) ocorreu no experimento 13, a partir de 20 g/L de 
glicose, 20 g/L de xilose, 2 g/L de KH
2
PO
4
, 10 g/L de extrato de levedura, e 10 
mg/L  de  tetraciclina,  no  período  de  72  horas.  Cabe  ressaltar  que  todos  os 
experimentos  apresentaram  consumo  de  xilose  e  glicose,  assim  como 
produção  de  etanol  e  crescimento  de  biomassa;  exceto  o  experimento  7 
(Tabelas  5.18  e  5.19),  cujo  substrato  era  apenas  a  xilose  e  os  nutrientes 
complementares do meio RM. A dificuldade de crescimento exclusivamente em 
xilose  foi  também  relatada  por  Agrawal  et  al.  (2011),  sendo  relacionada  ao 
deficiente  transporte  deste  açúcar  por  Z.  mobilis,  dentre  outras  justificativas 
relatadas na Revisão Bibliográfica.  
Observa-se  em  todos  os  experimentos  desenvolvidos,  exceto  no 
experimento 3 da tabela 5.19, a presença de elevadas concentrações de xilose 
residual,  variando  de  70  a  60%  em  relação à  concentração inicial.  Jeon  et  al. 
(2002),  Yanase  et  al.  (2007),  Zhang  &  Lynd  (2010),  Davis  et  al.  (2005)  e 
Joachimsthal et al. (1999) também reportaram a presença de xilose residual no 
processo  de  conversão  de  pentoses  a  etanol,  em  21  g/L,  20  g/L,  2,5  g/L,  2,6 

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
154     
g/L,12  g/L,  respectivamente.  Adicionalmente,  Lawford  &  Rousseau  (2002) 
reportam que apenas 50% da xilose foi consumida em meio com concentração 
inicial de 30 g/L desta pentose (DIEN & COTTA, 2003).  
Neste  contexto,  os  experimentos  empregando  glicose  e  xilose  em 
concentrações  variando  de  0  a  20  g/L  de  cada  açúcar  pela  linhagem 
recombinante,  comparativamente  aos  experimentos  empregando  apenas  a 
fração  da  glicose  pela  linhagem  naturalmente  ocorrente  CP4  (item  5.1.1), 
constatando-se  diferenças  significativas  no  crescimento  celular  e  na 
produtividade volumétrica de etanol, respectivamente, em 0,43 g/L e 0,33 g/L.h 
para  a  linhagem  nativa,  assim  como  0,180  g/L  e  0,107  g/L.h  para  a  linhagem 
recombinante.  Leksawasdi  et  al.  (2001)  já  haviam  reportado  que  a  limitação 
pelo substrato para o crescimento de biomassa é cerca de 3 vezes maior para 
o consumo de xilose do que para a glicose.  
Tabela  5.18.  Planejamento  experimental  preliminar  avaliando  diferentes 
concentrações  de  glicose  e  xilose  no  meio  RM  frente  à  produção  de  etanol  e 
crescimento de biomassa a partir de meio sintético pela linhagem recombinante 
de  Zymomonas  mobilis  CP4,  realizado  após  a  execução  de  10  ciclos  de 
adaptação metabólica. 
 
Ex. 
Glicose (g/L) 
Xilose (g/L) 
Respostas 
Inicial  Final  Inicial 
Final 
Etanol 
(g/L) 
Biomassa 
(g/L) 

10,5 
0,0 
10,5 
6,0 
5,0 
0,080 

1,3 
0,0 
10,5 
6,2 
1,9 
0,046 

10,5 
0,0 
10,5 
5,8 
4,3 
0,112 

10,5 
0,0 
10,5 
6,7 
3,4 
0,116 

4,0 
0,0 
4,0 
2,5 
2,7 
0,065 

17,0 
0,0 
17,0 
11,3 
6,9 
0,165 

4,0 
0,0 
17,0 
10,8 
2,5 
0,073 

10,5 
0,0 
19,7 
13,2 
3,6 
0,062 

10,5 
0,0 
10,5 
6,9 
4,9 
0,123 
10 
17,0 
0,0 
4,0 
2,7 
6,8 
0,166 
11 
10,5 
0,0 
1,3 
1,0 
5,4 
0,127 
12 
10,5 
0,0 
10,5 
9,2 
3,8 
0,102 
13 
19,7 
0,0 
10,5 
7,5 
8,6 
0,090 
 
 
 

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
155     
Tabela  5.19.  Avaliação  de  diferentes  concentrações  de  glicose  e  xilose  na 
produção  de  etanol  a  partir  de  meio  sintético  pela  linhagem  recombinante  de 
Zymomonas  mobilis  CP4,  após  a  execução  de  10  ciclos  de  adaptação 
metabólica. 
 
Ex. 
Glicose (g/L) 
Xilose (g/L) 
Respostas 
Inicial  Final 
Inicial 
Final 
Etanol  
(g/L) 
Biomassa 
(g/L) 

1,0 
0,0 
20,0 
13,5 
1,7 
0,044 

2,5 
0,0 
20,0 
13,5 
2,3 
0,064 

5,0 
0,0 
20,0 
0,1 
2,1 
0,096 

10,0 
0,0 
20,0 
13,7 
4,6 
0,133 

15,0 
0,0 
20,0 
12,6 
3,4 
0,155 

20,0 
0,0 
20,0 
11,6 
7,5 
0,180 

0,0 
0,0 
20,6 
20,6 
0,0 
0,044 
O  baixo  rendimento  em  etanol  a  partir  de  misturas  de  glicose  e  xilose, 
conforme  descrito  na  Revisão  Bibliográfica, pode  ser  justificado  pela  posterior 
metabolização da pentose frente à hexose, gerando maiores concentrações de 
inibidores  nesta  etapa,  como  o  etanol  e  ácido  lático,  reduzindo  a  taxa  de 
utilização  da  pentose  (LEKSAWASDI  et  al.,  2001).  Outra  justificativa  está 
relacionada à  competição pela única via de transporte de açúcares, causando 
lentidão  do  processo,  havendo  uma  repressão  do  consumo  de  xilose  pela 
glicose  (DiMARCO  &  ROMANO,  1985;  PARKER  et  al.,  1995;  ROGERS  & 
LAWFORD,  1999;  LAWFORD  et  al.,  2000;  LEKSAWASDI  et  al.,  2001; 
MOHAGHEGHI  et al., 2002; KIM et al., 2010).  
De  acordo  com  a  análise  de  variância  (Tabela  5.20)  nota-se  que  o 
modelo  linear  foi  significativo,  apresentando  um  ajuste  adequado  aos 
resultados experimentais para este tipo de planejamento, com um coeficiente 
de correlação R
2
 de 0,9069; um baixo erro puro (média quadrática de 0,48) e, 
uma  falta  de  ajuste  (média  quadrática  de  0,39)  sem  significância  para  o 
intervalo de confiança de 90% (p-level 

 0,1).  
A  equação  referente  à  concentração  de  etanol  é  apresentada  na 
equação (7). 
[Etanol] =+1,32556 +0,36200A-0,050877B  
 
 
 
(7) 
 

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
156     
Tabela  5.20.  Análise  de  Variância  da  concentração  de  etanol  a  partir  de 
diferentes concentrações de glicose e xilose pela linhagem recombinante de Z. 
mobilis CP4, após a execução de 10 ciclos de adaptação metabólica. 
 
SQ 
GL 
MQ 
F-Valor 
p-valor 
Modelo 
41,26 

20,63 
48,70 
<0,0001 

40,39 

40,39 
95,33 
<0,0001 

0,87 

0,87 
2,07 
0,1812 
Resíduo 
4,24 
10 
0,42 
 
 
Lack of Fit 
2,33 

0,39 
0,81 
0,6093 
Erro Puro 
1,91 

0,48 
 
 
Cor. Total 
45,50 
12 
 
 
 
Onde:  A=glicose;  B=xilose;  SQ=  soma  dos  quadrados;  GL=  grau  de 
liberdade; MQ= média quadrática. 
A glicose apresentou maior efeito do que outra variável independente, a 
xilose,  sendo  pouco  significativa  para  o  modelo.  Adicionalmente,  a  figura  5.20 
mostra  a  superfície  de  contorno,  que  representa  as  equações  ajustadas  para 
concentração final de etanol a partir de xilose e glicose. Pode-se observar que 
maiores  concentrações  de  glicose,  assim  como  menores  concentrações  de 
xilose contribuem para o aumento da produção de etanol.  
 
Figura  5.20.  Superfície  de  contorno  avaliando  efeitos  combinados  entre  a 
glicose  e  a  xilose  sobre  a  produção  de  etanol  por  Z.  mobilis  recombinante, 
após a execução de 10 ciclos de adaptação metabólica. 

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
157     
II.  Comparação do desempenho de diferentes clones  
Após  o  20
o
  ciclo  de  adaptação  foram  realizados  ensaios  em  frascos 
agitados,  a  150  rpm  e  temperatura  de  30

C,  nas  melhores  condições  do 
planejamento  anterior:  20  g/L  de  glicose,  20  g/L  de  xilose,  adicionados  do  meio 
RM, conforme observa-se na tabela 5.21.  
Tabela  5.21.  Avaliações  de  diferentes  clones  frente  ao  consumo  de  glicose  e 
xilose  provenientes  no  meio  RMGX,  assim  como  à  produção  de  etanol  por 
Zymomonas mobilis recombinante, após o 20
o
 ciclo de adaptação metabólica. 
 
A  figura  5.21  representa  a  cinética  de  crescimento  das  colônias, 
consumo  de  substratos  e  produto  obtido,  indicando  que  a  pentose  foi 
metabolizada em cerca de 72 horas.  
Nota-se  que  os  clones  se  comportaram  de  forma  semelhante, 
apresentando  cerca  de  35%  de  consumo  de  xilose,  consumo  completo  de 
glicose,  média  de  0,16  g/L
 
de  crescimento  de  biomassa  e  cerca  de  4  g/L  de 
etanol.  Os  gráficos  observados  apontam  para  a  grande  necessidade  de 
contínuas  adaptações  metabólicas  visando  à  obtenção  de  resultados  mais 
promissores,  assim  como  relatado  por  Jeon  et  al.  (2002),  indicando  que  o 
crescimento  inicial  das  colônias  ocorria  em  até  5  dias,  sendo  reduzido  após 
repiques  sucessivos.  Adicionalmente,  o  etanol  pode  estar  sendo  consumido 
para a manutenção das células, após a saturação do consumo da glicose. 
Apesar de Kim et al. (2010) terem reportado que apenas 10% da xilose 
foi consumida na presença de glicose em concentração equimolar, os melhores 
resultados  obtidos  neste  trabalho  foram  alcançados  nestas  condições, 
semelhante ao relatado por Zhang et al. (1995), que utilizaram 2,5% (m/v) dos 
dois carboidratos.  
Glicose (g/L) 
Xilose (g/L) 
Respostas 
Inicial 
Final 
Inicial 
Final 
Etanol (g/L) 
Biomassa (g/L) 
20,0 
0,0 
20,0 
12,99 
3,25
 
 
0,158 
20,0 
0,0 
20,0 
13,25 
4,80
 
 
0,136 
20,0 
0,0 
20,0 
13,33 
3,66
 
 
0,193 
20,0 
0,0 
20,0 
13,70 
4,93
 
 
0,153 

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
158     
 
Figura 5.21. Cinética comparativa de diferentes clones de  Z. mobilis recombinante, 
selecionados  após  crescimento  em  meio  RMGX  durante  72  horas,  em  30

C  de 
temperatura e agitação de 150 rpm, após o 20
o
 ciclo de adaptação metabólica.  
 
5.2.4.  Produção  de  etanol  através  do  processo  SSCF  por  Zymomonas 
mobilis recombinante  
I.  Adaptação metabólica em meio SSCF 
Conforme  sinalizado  na  Revisão  Bibliográfica,  Zaldivar  et  al.  (1999)  e 
Song et al. (2005) relataram que a presença de compostos inibitórios presentes 
no  hidrolisado  hemicelulósico,  em  concentrações  elevadas,  provocam 
modificações 
morfológicas 
nas 
células 
de 
Z.  mobilis
tornando-se 
arredondadas,  cilíndricas  e  translúcidas.  Delgenes  et  al. (1996) indicaram  que 
na presença de 2 g/L de furfural, o crescimento e a produção de etanol por tal 
microrganismo  foi  inibido  em  até  64  e  44%,  respectivamente.  Lawford  & 
Rousseau  (2002)  apontaram  para  a  inibição  através  da  adição  de  2,5  g/L  de 
ácido  acético,  em  pH  5,5,  reportando  também  que  apenas  50%  da  xilose  foi 
consumida, a qual possuía a concentração de 30 g/L (DIEN et al., 2003). 

CAPÍTULO 5: Resultados e Discussões 
 
Danielle da Silveira dos Santos 
159     
 Desta forma, estudos desenvolvidos por Lawford et al. (2002) sugerem 
uma  adaptação  gradual  ao  ácido  acético  por  Z.  mobilis,  assim  como  descrito 
por  Song  et  al.  (2005),  indicando  que  após  longo  período  de  crescimento  na 
presença  destes  compostos,  as  células  adaptadas  apresentam  modificações 
em  sua  superfície,  tornando-se  mais  alongadas,  dentre  outras  características. 
Tais  alterações  morfológicas  não  foram  detectadas  no  presente  trabalho,  no 
entanto,  ao  longo  de  alguns  ciclos  adaptativos  notou-se  que  a  linhagem 
transformada de Z. mobilis apresentou melhor performance quanto à produção 
de etanol e crescimento celular frente ao hidrolisado ácido (Tabela 5.22).  
Nos  ciclos  de  1  a  5,  o  microrganismo  apresentava  baixa  produção  de 
biomassa  (0,086  g/L),  assim  como  lentidão  de  crescimento,  uma  vez  que  foi 
utilizado o meio complementar RM, contendo 20 g/L de glicose, adicionado de 
2,5% v/v de hidrolisado hemicelulósico. Quando comparado aos resultados das 
colônias  adaptadas  (ciclo  21-25),  a  concentração  de  células  foi  ligeiramente 
superior,  em  0,117  g/L,  no  entanto,  o  hidrolisado  hemicelulósico  apresentava-
se em uma maior concentração no último ciclo, em 20% v/v.  
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