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Elaboração dos autores 

Quarenta Anos de Etanol em Larga Escala no Brasil: desafios, crises e perspectivas
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Esse aumento no número de usinas ocorreu no país inteiro, passando de 
156, em 2000, para 380, em 2013
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 (ProCana Brasil, 2013). Uma importante 
característica dessas novas usinas é a sua flexibilidade na produção de açúcar, eta-
nol (anidro ou hidratado) e energia (Conab, 2013). Assim, a expansão canavieira 
vem modificando o uso do solo no Cerrado, fazendo da região a segunda maior 
produtora de cana, seguindo a região Sudeste (Conab, 2013).
A área plantada com cana-de-açúcar nos dois estados cresceu mais de 1 milhão 
de ha entre 2000 e 2012: 721.296 ha em Goiás e 543.728 ha em Mato Grosso 
do Sul. Goiás detinha 2,9% da produção nacional de cana em 2000, passando a 
8,4% em 2013; e Mato Grosso do Sul passou de 2% para 6,3% no mesmo período.  
A produção de cana tornou-se um dos cinco principais produtos da agropecuária 
regional, em termos de valor da produção, com taxas de aumento de produto e 
de área utilizada superiores às dos demais grandes cultivos da agropecuária, como 
soja, milho, algodão e mesmo de gado em Goiás.
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Ainda assim, o crescimento da cana-de-açúcar tem ficado aquém das estimati-
vas e expectativas dos agentes econômicos (Sousa e Macedo, 2010) e das previsões 
do governo federal no PNA (Brasil, 2006). Mesmo com os aspectos vantajosos para 
a expansão da cana nas áreas do Cerrado, persistem dificuldades locais para que as 
metas sejam alcançadas, como apontam Ávila (2009) e Santos (2011). Para esses 
autores, as dificuldades situam-se em questões como mudanças da organização 
produtiva local, dependência de repasses para municípios que apenas fornecem a 
cana e não recebem as indústrias e perda de dinamismo agrícola a partir da con-
centração da terra e da renda. Ávila (2009) e Santos (2011) consideram que as 
dificuldades contratuais, a geração de externalidades (danos ambientais, piora de 
serviços de saúde e educação)
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 e a sazonalidade da mão de obra inibem a expansão, 
enquanto as perspectivas de ganho econômico e de saída de endividamento são 
fatores que atraem a atividade.
Silva e Miziara (2011) estimam que 67% da área plantada com cana em 
Goiás tenha sido previamente utilizada com outra cultura; 15% tenha resultado 
de desmatamento do Cerrado; 12% tenha sido utilizada com pastagem; e 6%, 
com outro tipo de vegetação. Os referidos autores argumentam que não é evidente 
que a expansão canavieira esteja ocorrendo em terras degradadas, diferentemente 
dos argumentos de Conab (2013) e  Rudorff et al. (2010), que defendem a ideia 
de que a cana-de-açúcar não compete com a produção de grãos, pois a expansão 
canavieira está ocorrendo em áreas de pastagens degradadas. Entre 2011 e 2012, 
12. Mais informações disponíveis em: .
13. Para mais detalhes, consultar o Sistema IBGE de Recuperação Automática (Sidra): .
14. A migração de trabalhadores para o setor sucroalcooleiro pressiona os serviços públicos locais, como saúde e 
educação, o que, por sua vez, pode inibir a expansão da cana.

Os Desafios da Expansão da Cana-de-açúcar: a perçepção de produtores e 
arrendatários de terras em Goiás e Mato Grosso do Sul
 
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82% do total da área convertida em canaviais em Mato Grosso do Sul e 61% em 
Goiás havia sido usada anteriormente como pasto (Conab, 2013), não necessa-
riamente degradado. Áreas antes usadas para o plantio de soja e convertidas para 
o plantio da cana representavam 36% do total da área em Goiás e 11% em Mato 
Grosso do Sul (Conab, 2013).
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Além das preocupações já apresentadas, a literatura aponta que, em áreas em 
que se praticam a produção de grãos, suinocultura e avicultura, as ligações estru-
turais das cadeias produtivas podem criar certa rigidez no processo de substituição 
de atividades agropecuárias, como na substituição da lavoura de milho (ou de 
soja) pela lavoura da cana-de-açúcar, quando integrada à indústria processadora 
(Mueller e Martha Junior, 2011). As indústrias se estabelecem e criam laços com 
fornecedores de grãos e sementes oleaginosas, podendo gerar barreiras para a en-
trada da cana-de-açúcar (Mueller e Martha Junior, 2011). Esse foi o caso de Jataí, 
um dos municípios goianos pesquisados, em que se tentou impedir a entrada da 
cana-de-açúcar com a criação de uma lei, posteriormente revogada (Jataí..., 2011), 
do mesmo modo que ocorreu em Rio Verde (Santos, 2011), outro município no 
Sudoeste Goiano. Nos dois casos, tanto os agricultores como o governo local, os 
comerciantes e os representantes de outras cadeias produtivas (milho, soja, aves e 
suínos) argumentaram que a expansão da cana-de-açúcar iria aumentar o preço da 
terra na região, impactar a produção de grãos e reduzir o emprego e o dinamismo 
da agricultura e comércio locais.
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3 METODOLOGIA E BASE DE DADOS UTILIZADAS
A pesquisa, que consistiu de perguntas estruturadas, considera características 
específicas dos fazendeiros e arrendatários de terra. Os questionários foram desen-
volvidos de forma a coletar informações quanto à produção agrícola e às atividades 
administrativas, incluindo uma série de perguntas relativas à avaliação subjetiva 
dos agricultores sobre os fatores que influenciam suas decisões a respeito dos usos 
atual e futuro da terra para a produção de cana-de-açúcar.
As informações subjetivas, referentes às opiniões dos entrevistados, à sua 
relação com as indústrias e à chegada delas no município, foram capturadas 
mediante escalas likert. Esta escala, utilizada geralmente no levantamento de 
opiniões, requer que o entrevistado avalie um fenômeno por uma escala de três 
ou mais alternativas (Günther, 2003). Neste estudo, usam-se escalas likert de 
15. Embora este estudo não objetive se aprofundar nesse tema, infere-se que a definição do que seja pastagem degra-
dada (em desuso ou de baixo rendimento), assim como o período analisado, provoque divergência nas interpretações.
16.Embora as ações de Jataí e Rio Verde não tenham impedido o total avanço da cana, este foi freado e deslocado 
para outras localidades com dificuldades. Um reflexo, no caso do Sudoeste Goiano, foi o aumento do custo da terra: 
enquanto um produtor de soja pagava uma média de doze sacas por hectare de terra arrendada, uma usina local 
oferecia dezoito sacas por igual área (Pacheco, 2011).

Quarenta Anos de Etanol em Larga Escala no Brasil: desafios, crises e perspectivas
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cinco alternativas, com as seguintes possibilidades de resposta: discordo totalmente
discordoneutroconcordoconcordo totalmente, para as frases referentes aos gráficos 
2 a 5; e estas opções: melhorouinalteradopiorou para os fatores apresentados na 
tabela 7. Seguindo as teses de Hart e Holmström (1987), as questões referentes 
aos gráficos 2 a 5 auxiliaram na verificação da existência de assimetria de infor-
mação entre as partes (no caso, usinas e produtores/arrendatários de terra) e se 
os entrevistados estariam sujeitos a risco moral.  
Os dados foram coletados por meio de entrevistas presenciais com produto-
res e arrendatários em trinta cidades, sendo dezessete em Goiás e treze em Mato 
Grosso do Sul.
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 Essas localidades foram selecionadas com base em: i) localização 
geográfica da produção de açúcar em 2012, de acordo com o Projeto Canasat, do 
Instituto Nacional de Pesquisa Espacial – Inpe (Rudorff et al., 2010); ii) evolução 
da produção de cana-de-açúcar segundo as estimativas da produção agrícola mu-
nicipal (PAM);
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 e iii) limitações logísticas. 
Para a seleção dos entrevistados, foram utilizadas listas de contato das asso-
ciações de plantadores de cana, dos sindicatos rurais, da Faeg, da Famasul, entre 
outras instituições. Com a cooperação destas instituições e de seus associados, 
dos produtores de cana e dos arrendatários de terras, fez-se uma consulta prévia 
sobre o interesse em participar da pesquisa. O fato de alguns arrendatários e/ou 
produtores possuírem terra em um município e residirem em outro impediu sua 
participação na pesquisa. Outra restrição foi o fato de o período da entrevista ter 
coincidido com o período de colheita, o que limitou a participação de um número 
maior de fazendeiros.
Aos entrevistados foi aplicado questionário abordando informações sobre as 
características da família, o histórico da propriedade, a história da posse de terra, 
a produção agrícola, os contratos para produção de cana-de-açúcar, a participação 
em associações e sindicatos, as visões quanto ao impacto da chegada da usina na 
comunidade e o uso da terra. O levantamento de dados ocorreu entre os meses de 
junho e julho de 2014 e foi aplicado a 148 arrendatários e produtores na região 
de estudo (83 em Goiás; e 65 em Mato Grosso do Sul). Do total de entrevistados, 
104 estavam envolvidos com o setor sucroalcooleiro (58 em Goiás; e 46 em Mato 
Grosso do Sul).
17. Em Mato Grosso do Sul, foram visitados os seguintes nunicípios: Angélica, Brasilândia, Caarapó, Campo Grande, Costa 
Rica, Deodápolis, Dourados, Ivinhema, Juti, Maracaju, Nova Alvorada do Sul, Rio Brilhante e São Gabriel do Oeste. Em 
Goiás, os seguintes estados foram visitados: Bom Jesus de Goiás, Cachoeira Dourada, Caçu, Edéia, Goiatuba, Gouvelândia, 
Inaciolândia, Indiara, Itumbiara, Jataí, Joviânia, Monte Vidiu, Morrinhos, Paraúna, Quirinópolis, Rio Verde e Vicentinópolis. 
18. Para mais detalhes, consultar o Sidra: 
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