Desafios e Caminhos da Pesquisa e Inovação no Setor Sucroenergético no Brasil
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• busca, por meio de palavras-chave, em uma base contendo as 35 variáveis
cadastradas
pelo MCTI, sendo selecionados 560 projetos potencialmente
da área sucroenergética, doze entre os 34.452 mencionados;
• leitura das colunas descritivas de cada um dos 560 projetos selecionados na
etapa 1, utilizando-se filtros para obtenção daqueles da área de interesse.
Desses, restaram 524 que se relacionam com a área sucroenergética, dos
quais 379 projetos foram considerados especificamente dessa área entre
os que tiveram desembolso no período;
• análise dos dados dos 379 projetos a partir das variáveis de interesse,
incluindo-se o agrupamento e a aplicação do índice de correção selecio-
nado (Índice Nacional de Preços ao Consumidor/Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística – INPC/IBGE), ano-base 2011;
• identificação do perfil dos 379 projetos, a partir de descritores selecionados,
destacando-se: as instituições de pesquisa proponentes; os valores
contratados; o total do desembolso por ano, por tipo de pesquisa e região
de destinação
dos recursos; e outros aspectos quantitativos dos projetos,
de modo a identificar o seu perfil; e
• a título de confirmação, se um projeto aprovado para dado edital temático
(exemplo: energias renováveis, biocombustíveis, agronegócios, etanol, biomas-
sa energética etc.) estava de fato relacionado à área de interesse, eles foram
separados a partir do tipo de edital e de linhas temáticas e analisados um a um.
A metodologia permitiu selecionar os estudos em diversos editais e fundos de
apoio entre os dezessete fundos/ações setoriais no período analisado.
Os mesmos critérios de seleção e classificação foram aplicados aos projetos
do programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), não sendo
necessária
a busca por palavras-chave, dada a pequena dimensão da base. Neste caso,
foram utilizadas apenas as variáveis de custo dos projetos (equivale ao montante
do projeto), o título e as variáveis descritivas, como data de cadastro. O interesse
foi observar se o programa tem dado resposta ao crescimento da cadeia produtiva
sucroenergética na geração de energia elétrica, que é a finalidade do programa, e
a dimensão da sua participação em P&D. Os valores foram também atualizados
pelo INPC, com data de referência em 31/12/2011.
Além dos procedimentos aqui descritos, outros agrupamentos e descritivas
foram utilizados, conforme apresentados nos resultados da pesquisa.
Entre eles
está o conjunto de dados do Plano BNDES-Finep de Apoio à Inovação dos Seto-
res Sucroenergético e Sucroquímico (Paiss), que são disponibilizados pela Finep
e BNDES.
12
Neste caso, são apenas 25 projetos (planos de trabalho), todos de
12. Para mais informações sobre os projetos contratados pela Finep/BNDES, no Paiss, ver:
.
Quarenta Anos de Etanol em Larga Escala no Brasil: desafios, crises e perspectivas
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grande porte, selecionados na primeira etapa do programa cujo foco é direcionado
à inovação nas indústrias.
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Antes de entrar nos resultados obtidos para o setor sucroenergético, cabe apresentar
o conjunto de projetos em que ele se insere no FNDCT.
Para isso, destacam-se, na
tabela 1, os dados sobre o conjunto das energias renováveis, do fundo de financiamento
na área de energia (CT-Energia) e os projetos financiados por agência de fomento.
Destacam-se na tabela os projetos da área sucroenergética, especialmente os
379 detalhados à frente, que foram selecionados após os filtros indicados na metodologia.
TABELA 1
Apoio do FNDCT à P&D em energias renováveis e biomassa energética (1999-2012)
1
Descritiva
Número
Contratado
(R$ INPC 12/2011)
Desembolso
(R$ INPC 12/2011)
Desembolso (%)
Média de
desembolso
(R$ INPC 12/2011)
Projetos do FNDCT
34.452
16.471.370.996
11.657.125.502
70,77
338.358
Projetos de ER
1.893
1.229.112.061
809.189.515
65,84
427.464
Projetos CT-Energia
1.435
659.129.837
497.625.188
75,50
346.777
ER no CT-Energia
647
290.356.746
240.534.299
82,84
371.769
Biomassa total
1.160
728.383.496
445.033.975
61,10
383.650
Sucroenergéticos e afins
2
530
440.980.289
247.745.793
56,18
467.445
Sucroenergéticos específicos
379
318.267.196
156.754.263
49,25
413.600
CNPq – sucroenergéticos total
297
72.358.761
32.266.197
44,59
108.640
Finep – sucroenergéticos total
82
245.908.435
124.488.066
50,62
1.518.147
Fonte: MCTI
13
e Santos (2015).
Elaboração dos autores.
Notas:
1
No conjunto dos dados, encontram-se os
projetos destinados a eventos, infraestrutura, formação de redes de P&D e
formação profissional, além dos projetos típicos de P&D, definidos na forma do Manual de Frascati.
2
A tabela 1 foi construída a partir do trabalho desenvolvido em Santos (2015). Na tabela, a subdivisão “Sucroenergéticos e afins”
contém projetos que tratam de biomassa, bem como de seus impactos e potenciais, mas sem P&D específica aplicada
à cadeia produtiva. A subdivisão “Sucroenergéticos específicos” engloba, como indica o nome, os projetos de P&D e
eventos aplicados à cadeia produtiva e de consumo, inclusive impactos, modelagens e infraestrutura.
Essa tipologia segue os critérios definidos na metodologia.
Algumas evidências da tabela 1 são:
i) o
volume de recursos alocados
(R$ 809 milhões) para P&D em energia renovável é muito baixo, na comparação
com países líderes (Santos, 2015);
ii) se, por um lado, o número de projetos é
significativo em ERs em geral, por outro, o desembolso é baixo, principalmente na
área sucroenergética, conforme as porcentagens de 44,59% pelo CNPq e 50,62%
pela Finep;
iii) biomassa energética é o principal grande tema recebedor de recursos
(R$ 445 milhões, ou 55% do total das ERs) e de número de projetos (1.160, ou
61,28% dos projetos de ERs).
13. Uma versão restrita da base de dados do FNDCT utilizada pode ser obtida em:
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